O JEJUM
Nos
dias atuais tem sido dada uma ênfase muito grande entre os chamados evangélicos
a um comportamento religioso que se convencionou chamar de jejum. A prática
tornou-se motivo de proclamações em púlpitos ou de palestras pessoais e de
anúncios em grandes veículos de comunicação que incentivam e conclamam pessoas
a dedicarem noites, dias, semanas ou metades de dias ao jejum, sempre sendo
apontado como um excelente meio de crescimento espiritual, conquista de poder
pessoal e benefícios divinos. Ultimamente tem sido divulgado até como se fosse
eficiente para a salvação de povos e sociedades de um modo geral. Tornou-se
comum encontrarmos pessoas se vangloriando de serem muito espirituais e, até
mesmo mais espirituais que outras pessoas, por praticarem sistematicamente o
jejum. A prática deste tipo de sacrifício
pessoal se tornou quase que uma obrigação para quem deseja alcançar algum tipo
de bênção.
No entanto, seria mesmo uma verdade bíblica que o jejum nos possibilita maior espiritualidade, que nos torna mais santos, ou que faz com que Deus ouça melhor nossas orações? Ficar sem ingerir alimentos daria ao servo de Cristo maior poder espiritual? Os cristãos deveriam incentivar tais costumes criando grandes movimentos de jejum nas igrejas? São questões que podem e precisam ser discutidas e esclarecidas à luz dos ensinamentos de Jesus, que é o autor da nossa salvação e o nosso Senhor, e à luz de todo o contexto bíblico.
No entanto, seria mesmo uma verdade bíblica que o jejum nos possibilita maior espiritualidade, que nos torna mais santos, ou que faz com que Deus ouça melhor nossas orações? Ficar sem ingerir alimentos daria ao servo de Cristo maior poder espiritual? Os cristãos deveriam incentivar tais costumes criando grandes movimentos de jejum nas igrejas? São questões que podem e precisam ser discutidas e esclarecidas à luz dos ensinamentos de Jesus, que é o autor da nossa salvação e o nosso Senhor, e à luz de todo o contexto bíblico.
A ORIGEM DO JEJUM
NO ANTIGO TESTAMENTO
Quando
Jesus disse “e quando jejuardes”, estava se dirigindo aos seus discípulos, que
eram judeus, e estava se referindo a um costume daquele povo que já vinha sendo
praticado durante muitos séculos. Não estava ordenando que jejuassem mas estava
regulamentando um costume que estava sendo praticado de maneira errada,
considerando-se a origem do jejum entre os judeus.
Nas
páginas do Velho Testamento não vamos encontrar o jejum com sentido principal
de sacrifício pessoal, de penitência. O que vamos encontrar é uma ordem de Deus
(e somente uma) para que o povo afligisse a alma em
apenas um determinado dia do ano, estabelecido pelo próprio Deus, o da expiação
(Lv 16.29,30). A expressão hebraica usada para designar uma atitude que levava
ao jejum era `anah nephesh, que significa literalmente afligir
a alma (como exemplo ver Salmos 35.13; 69.10).
Na
comemoração anual do dia da expiação (Lv 16.29,31; 23.27-32; Nm 29.7), um
sacerdote administrava um sacrifício com sentido de expiação pelo povo, para
purificação dos pecados. A aflição da alma seria exteriorizada pela não
ingestão de alimentos (jejum em hebraico é tsowm, que
significa ficar sem comer) e seria a manifestação de profunda tristeza pelo
pecado de cada um e também pelo sacrifício do Cordeiro, porquanto o dia da
expiação era o dia em que se praticava um sacrifício que simbolizava o
sacrifício de Jesus, o Cordeiro de Deus, que haveria de vir como o Messias. Ou
seja, ficar sem comer não era um ato religioso em si, porém a conseqüência de
um sentimento de profundo pesar pelo sacrifício do Cordeiro e,
conseqüentemente, por causa dos próprios pecados
.
A INTRODUÇÃO DO
JEJUM ENTRE O POVO DE ISRAEL COMO PRÁTICA RELIGIOSA
Até
o nono século antes de Cristo o povo de Israel não praticava o jejum como ato
religioso. Somente guardava o dia da expiação e, conseqüentemente, manifestava
aflição da alma ficando sem alimentação e sem a prática de qualquer tipo de
atividade (Nm 29.7).
O
primeiro jejum que foi praticado como ato religioso, registrado nas páginas do
Antigo Testamento, aconteceu no reinado de Acabe, no reino do Norte, por
determinação de sua esposa gentia, pagã, idólatra, inimiga dos profetas de
Deus, Jezabel. Diante da sua obstinação em tomar a vinha de Nabote para para
que Acabe a pudesse possuir, Jezabel ordenou que fosse proclamado um jejum
nacional sob a alegação mentirosa de que Nabote havia blasfemado contra Deus,
ordenando que fosse apedrejado depois de ter sido acusado falsamente por dois
filhos de Belial (1Rs 21.1-16). Ou seja, a terrível Jezabel foi quem convocou o
primeiro jejum do povo de Israel, interligando-o com o nome de Deus como se
estivesse praticando um ato de justiça divina, mas que era, na realidade, uma
manifestação pecaminosa da sua malignidade.
OUTRAS
COMEMORAÇÕES SISTEMÁTICAS DO JEJUM NO ANTIGO TESTAMENTO
Com
o mesmo sentido de manifestação da aflição da alma, de profundo
entristecimento, o povo judeu (do reino do Sul) passou depois a comemorar
permanentemente, por conta própria e sem qualquer mandamento da parte de Deus
ou conotação religiosa, mais quatro datas que recordavam quatro calamidades e
que lhes causavam profundo sentimento de tristeza. Eram as seguintes datas e os
seguintes fatos:
1.
No décimo dia do décimo mês do ano
Comemoravam
com muito pesar o dia em que o rei da Babilônia, Nabucodonozor, iniciou o cerco
contra a cidade de Jerusalém (2Rs 25.1), com a finalidade de derrotar o povo
judeu e leva-lo cativo. Para eles representava o início do sofrimento do
cativeiro.
2.
No nono dia do quarto mês do ano
Dia
em que a cidade de Jerusalém foi finalmente tomada por Nabucodonozor (Jr
52.6-11). Se o cerco à cidade fora de muito sofrimento, mais ainda quando o rei
da babilônia entrou na cidade, matou a muitos e cegou o rei Zedequias que lhes
era muito querido.
3.
No sétimo dia do quinto mês do ano
Dia
em que foi destruído o templo de Jerusalém pelos babilônicos, comandados pelo
rei Nabucodonozor (2Reis 25.8-10).
4.
Em um dia não necessariamente determinado, do sétimo mês do ano
Dia
em que Gedalias, que fora constituído governador sobre Judá por Nabucodonozor,
foi assassinado por outro judeu chamado Ismael (2Rs 25.25; Jr 41.1,2)
Fora
essas comemorações regulares de jejum no Velho Testamento, ainda encontramos
narrativas de outras comemorações esporádicas (2Cr 20.3; Ed 8.21; Ne 9.1; Es
4.3; Dn 6.18; Jn 3.5), que sempre eram realizadas como manifestação de profundo
pesar e aflição da alma, nunca como atos religiosos de santificação e busca de
algum tipo de poder.
CARACTERÍSTICAS DO
JEJUM (AFLIÇÃO DA ALMA) PRATICADO NO ANTIGO TESTAMENTO
Analisando
estes exemplos de jejum no Antigo Testamento podemos concluir que era uma
manifestação de aflição com as seguintes características:
1.
O jejum era ser realizado espontaneamente como manifestação de tristeza (Jz
20.26; 2Sm 12.22)
Todo
um exército entristeceu-se por uma derrota e manifestou sua tristeza jejuando ;
um pai jejuou por entristecer-se com a enfermidade do filho.
2.
O jejum podia expressar entristecimento pelo pecado e arrependimento (1Sm
7.6; 1Rs 21.27; Ne 9.1,2)
Estes
exemplos se encaixam no sentimento que deveria prevalecer no dia a expiação,
quando deveria existir o reconhecimento do pecado e o arrependimento.
3.
O jejum expressava extrema dependência de Deus (2Sm
12.16-22)
O
jejum não era praticado como elemento eficaz para conferir poder a uma
coletividade, nem tampouco, de poder pessoal. Pelo contrário, quem manifestava
seu entristecimento através do jejum, manifestava também a sua dependência de
Deus (ver também Juízes 20.26).
DEUS CONDENOU O
JEJUM PRATICADO COMO ATO RELIGIOSO
Um
ato religioso sempre tem como objetivo fazer uma ligação entre o homem e a
divindade. Deus sempre buscou o homem e o homem sempre desejou ter algum tipo
de comunicação com Deus. Povos sem a crença no Deus único e verdadeiro têm as
suas crenças em divindades imaginadas por homens e buscam, através de atos
religiosos, uma ligação com suas divindades imaginárias. Quase sempre buscam
esta ligação através de sacrifícios pessoais ou de outrem. O jejum é comum na
maioria absoluta das manifestações religiosas de povos pagãos como ato de
aperfeiçoamento espiritual que possibilitaria o contato com a divindade. O povo
de Deus se deixou influenciar pelos costumes de povos pagãos e entrou por
caminhos do paganismo, inclusive observando jejuns com a finalidade de fazer
com que Deus atendesse às suas necessidades.
As
palavras do profeta Isaías (Is 58.3-8) declaram que no seu tempo o povo judeu
ainda preservava o conceito do jejum como manifestação de aflição da alma, mas
que já praticava o jejum conforme seus próprios interesses (jejuavam e achavam
seus próprios contentamentos) e que já praticavam o jejum com a finalidade de
forçar uma ação divina segundo seus interesses pessoais (v.3). O jejum já dava
margem para contendas e debates, e já dava margem para atos de impiedade, como
se fosse veículo eficiente para fazer ouvir a voz diante de Deus (v. 4).
Deus
não estabelecera a aflição da alma com nenhum destes propósitos e toda aquela
prática era rejeitada por ele (v. 5). O que desejava para o seu povo não eram
práticas que o obrigassem a agir, mas que o seu povo se libertasse da impiedade
e de todo o jugo, e que praticasse o amor ao irmão pertencente ao mesmo povo de
Deus (v. 6,7). O jejum, para Deus, não era simplesmente ficar sem comer, mas
fazia parte de toda uma situação espiritual que deveria ser sincera para com
Deus e para com o semelhante.
O JEJUM NO NOVO
TESTAMENTO
Quando
Jesus veio ao mundo, a prática de jejum já estava completamente desvirtuada.
Tornara-se uma prática religiosa com um objetivo em si própria, deixando de ser
conseqüência de sentimento de entristecimento. Tornara-se uma exigência que,
dentro do contexto religioso estabelecido pelos líderes judeus, adquirira um
sentido de purificação religiosa, de aperfeiçoamento espiritual e, até mesmo,
tornara-se um elemento de exibicionismo pessoal. Foi dentro deste contexto que
o Senhor Jesus instruiu seus discípulos a respeito do jejum.
Apesar
de ser um costume entre os judeus, não encontramos no Novo Testamento qualquer
ordem deixada por Jesus ou seus apóstolos para a prática do jejum. O que
encontramos são referências à prática do jejum, como um costume que foi imposto
pelos líderes judeus ao povo, de jejuarem no segundo e quinto dias da semana, e
referências, também, a jejuns voluntários e individuais (Lc 2.37; Mt 4.1,2; 2Co
11.27) ou a jejuns coletivos (At 13.2; 14.23), mas nunca ordens de Jesus ou
seus apóstolos para que os crentes em Cristo jejuassem.
OS ENSINAMENTOS DE
JESUS A RESPEITO DO JEJUM
Há
algumas palavras proferidas por Jesus quando estava repreendendo seus
discípulos por não terem conseguido expulsar uma legião de demônios de uma
pessoa, que é sempre utilizada por quem defende a idéia de que Jesus ordenou
que o jejum fosse praticado por seus discípulos (Mt 17.21). No entanto, o leitor
atencioso e bem intencionado observará que Jesus não estava ordenando a prática
do jejum (até mesmo porque se ordenasse teria que definir que casta de demônios
era aquela), mas estava apenas fazendo uma declaração específica, diretamente
relacionada com aqueles a acontecimentos, em que seus discípulos tentaram
expulsar os demônios apenas por disputa de poder com os fariseus (Mr 9.14-18).
Uma disputa que demonstrava que os discípulos confiavam em si próprios, talvez
por serem discípulos de Jesus.
A
declaração de Jesus (não uma ordenança ou um ensinamento), de que aquela casta
de demônios só poderia ser expulsa com oração e jejum (é importante observar a
seqüência declarada por Jesus) deveu-se exatamente ao fato de os seus
discípulos serem homens de pouca fé (Mt 16.20) e de não agir em favor da
libertação do rapaz, movidos por um sentimento de tristeza. Para expulsarem os
demônios precisavam ter fé em Deus, confiando somente nele - e a oração é a
maior manifestação de confiança em Deus (Mt 6.6 e Hb 11.1), e precisavam estar
profundamente entristecidos com a situação espiritual e física do rapaz, que
era de terrível aprisionamento às trevas. O jejum, no pensamento de Jesus, era
conseqüência de profunda tristeza, exatamente como Deus estabelecera no Antigo
Testamento. Jesus não pensava como os líderes judeus ou o como o povo judeu
pois eles eram marcados por costumes religiosos copiados do paganismo, como
vimos anteriormente. Também não pensava como os “cristãos” pensam hoje a
respeito do jejum, também marcados por costumes de religiões pagãs. Ele pensava
como o Filho de Deus, como o próprio Deus que estabelecera o dia da expiação
para o seu povo. Ele manifestou este pensamento quando foi procurado por
discípulos de João Batista e, diante da indagação sobre qual seria o motivo de
seus discípulos não praticarem o jejum, respondeu com uma alegoria, dizendo que
os convidados para uma festa de casamento não poderiam ficar tristes enquanto
o noivo estivesse com eles, mas que haveria o tempo em que o noivo lhes seria
tirado e que, então, jejuariam (Mt 9.14,15). Observe-se como
ele interligou a tristeza ao jejum. Que dúvida pode haver quanto ao fato de que
Jesus, ao se referir ao jejum, se referia a entristecimento?
Na
realidade, quando Jesus disse que aquela casta de demônios só poderia ser
expulsa com oração e jejum, estava dizendo que só seria expulsa se eles
tivessem fé em Deus e que a fé fosse manifestada através de oração com profundo
amor ao semelhante. Amor que levasse a profunda aflição da alma por causa da
situação do rapaz.
É
certo, então, que não podemos utilizar este episódio do ministério de Jesus
para afirmarmos que ele mandou que seus discípulos jejuassem. Então, o que
Jesus realmente ensinou a respeito do jejum? Para compreendermos seus
ensinamentos no Sermão do Monte precisamos nos reportar novamente ao texto de
Mateus 9.14-17 e observarmos que Jesus, sendo o Filho de Deus, fora enviado
como quem participara do estabelecimento do Antigo Concerto em que fora
estabelecido o Dia da Expiação, e que fora enviado para estabelecer o Novo
Concerto, com o seu sacrifício pessoal, representado no Dia da Expiação com o
sacrifício de um cordeiro. Ou seja, em sua mente estava a aflição da alma por
causa do Dia da Expiação simbólico do Antigo Testamento e a aflição da alma dos
seus discípulos no Dia da Expiação real, o do seu próprio sacrifício, no Novo
Testamento.
Quanto
ao Novo Testamento ele sabia que a tristeza dos seus discípulos aconteceria no
momento em que fosse tirado do meio deles para ser crucificado. Mas, certamente
sabia que poderiam alegrar-se novamente por causa da sua ressurreição.
Certamente que não caberia a aflição da alma para os seus discípulos, ao longo
do período do Novo Concerto por causa da morte do Cordeiro de Deus, pois Ele
ressuscitou e seu sacrifício nunca mais se repetirá. Também não caberia a
aflição da alma pela ausência do Filho de Deus, pois ele prometeu que estaria
com seus discípulos “todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28.20). O
jejum, a aflição da alma, fazia parte do Antigo Concerto (tecido velho e odre
velho) e não poderia fazer parte do Novo Concerto (tecido novo e odre novo). A
aflição da alma era conseqüência de diversos atos de sacrifício que se repetiam
no Antigo Concerto e aconteceria somente uma vez, como conseqüência de um único
sacrifício no Novo Concerto. O vinho novo era o sacrifício definitivo do Filho
de Deus e este sacrifício, como ato realizado, histórico, nunca poderia fazer
parte do Antigo Concerto. Quem tentar fazer assim estará deteriorando, para si,
o sacrifício de Jesus Cristo.
Sendo
assim, podemos dizer que, mediante os ensinamentos de Jesus posteriores ao
Sermão do Monte, é certo que ele não pensava no jejum como uma prática
religiosa para conferir poder, santidade ou capacitação espiritual aos seus
discípulos; que seus discípulos que andaram como ele e aprenderam diretamente
dele, não jejuavam (Mt 9.14); e que ele nunca requereu ou requereria dos seus
discípulos a prática do jejum, mesmo como aflição da alma. Esta é a nossa base
para analisarmos o que Jesus ensinou no Sermão do Monte a respeito do jejum.
OS ENSINAMENTOS DE
JESUS A RESPEITO DO JEJUM NO SERMÃO DO MONTE
Primeiramente
precisamos observar que Jesus estava ensinando a respeito do jejum aos seus
discípulos, que eram judeus. Como não poderia deixar de ser, Jesus considerou
que seus ouvintes praticavam o jejum por serem judeus e por estarem, ainda, no
período do Antigo Testamento. O Novo Testamento só seria estabelecido quando
ele fosse crucificado, derramando o seu sangue, abrindo caminho a todos os que
cressem nele para entrar na presença de Deus. Até lá, o dia da Expiação deveria
ser observado por seus discípulos e, também, a aflição da alma. Sendo assim,
tratou de esclarecer o assunto, tirando as tradições e as tendências humanas de
suas mentes, restabelecendo o verdadeiro significado do jejum.
1.
O jejum não deveria ser um ato superficial e hipócrita – Mt
6.16; Lc 18.9-41
Não
deveria ser praticado conforme o modelo dos líderes judeus que gostavam que
todos vissem que jejuavam, que fingiam tristeza através de uma aparência
forçada, que gostavam de serem vistos como pessoas muito espirituais. O jejum
deveria ter o seu sentido original de dependência de Deus, de humilhação
perante ele, de aflição da alma e não ser praticado como um ato para o engrandecimento
pessoal, de exaltação da religiosidade, ou para forçar Deus a agir em benefício
de quem praticava este tipo de penitência.
2.
O jejum deveria ser um ato individual e oculto – Mt 6.17-18
Deveria
ser uma atitude interior, somente no coração do indivíduo. A expressão “unge a
tua cabeça e lava o teu rosto” representa: penteia o teu cabelo e não fiques
com o rosto desfigurado, de sofrimento. Jesus foi enfático em dizer: “para não
pareceres aos homens que jejuas, mas a teu Pai que está em oculto.” A tristeza
pelo próprio pecado, pelo sacrifício de um ser inocente sem pecados, deveria
ser algo real no coração do homem temente a Deus, que certamente veria o
coração do seu servo.
A
conclusão a que chegamos é que o jejum como ritual religioso com a finalidade
de aquisição de poder, ou de santificação, ou de purificação espiritual, é um
tipo de sacrifício pessoal que não é bíblico. É uma prática penitencial de
muitas outras religiões, como por exemplo, do induísmo, do budismo, do
jainismo, do catolicismo etc, e que sempre visam a purificação do espírito ou a
conquista da salvação, e que não deve ser imitada pelo discípulo de Jesus
Cristo, sob pena de substituir a confiança em Deus e, conseqüentemente, a
dependência a ele através da oração e confiança na sua Palavra, por uma
confiança em atos pessoais que nem mesmo dependem de fé, mas apenas de um
esforço pessoal em cumprir determinados sacrifícios.
Jesus
já foi sacrificado. Entregou-se por todos quantos crerem nele como Salvador, em
um sacrifício só e que foi bastante e suficiente para nos purificar de todo o
pecado. Um sacrifício que foi perfeito e, por isso, eficiente para nos conceder
a vida eterna e um sacrifício que foi eficiente para nos trazer comunhão com
Deus, o Pai. Ele prometeu que estaria conosco todos os dias, até o final dos
tempos. Se ficarmos a jejuar, estaremos substituindo o sacrifício de Jesus por
sacrifícios pessoais e estaremos indiferentes à sua presença em nossas vidas.
Presença que nos concede a paz perfeita e a alegria da salvação.
Extraído do Blog: teologbiblic.blogspot.com.br